Equipes para verificação de pressão arterial e teste de glicemia, e aulas de alongamento e aeróbica integrarão as atividades programadas pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) para o Dia Mundial do Coração, que transcorre nesta segunda-feira (26), em João Pessoa.
A partir das 6h, na Avenida Hilton Souto Maior, onde as pessoas costumam se dedicar à pratica de caminhadas e corridas, o público será atendido em tentas que serão montadas na frente da Secretaria de Segurança e Defesa Social, em Mangabeira. A atividade será realizada conjuntamente com a Secretaria Municipal de Saúde da Capital e a regional paraibana da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
De acordo com dados da SES, este ano 3.873 pessoas morreram vítimas de doenças cardiovasculares, sendo 1.886 homens e 1.987 mulheres. Ano passado foram registrados 7.248 óbitos, sendo 3.677 homens e 3.571 mulheres.
A coordenadora do Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da SES, Gerlane Carvalho de Oliveira, disse que as equipes atenderão o público em seis tentas até as 8h. Os interessados poderão fazer checagem da pressão arterial e o teste de glicemia capilar.
Relaxamento – A Prefeitura da Capital, dentro do projeto “João Pessoa Vida Saudável”, irá oferecer aulas de alongamento e aeróbica, além de massagem e relaxamento. Será distribuído material educativo sobre tabagismo, diabetes e hipertensão arterial, considerados fatores de risco para os problemas cardiovasculares.
As pessoas também receberão informações sobre os centros de tratamento para o fumante. O objetivo dessas ações é conscientizar a população sobre a importância de escolhas alimentares adequadas e a prática de exercícios físicos, evitando o desenvolvimento das chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes tipo II, doenças cardiovasculares e obesidade.
O coração é um dos principais órgãos do corpo humano. É ele que recebe e impulsiona o sangue para todo o organismo, mantendo-o vivo e funcionando bem. Por isso, praticar uma atividade física regular, buscar alimentar-se sem excesso de gorduras, açúcar ou sal, e manter o peso dentro dos limites normais é essencial para a garantia de seu bom funcionamento.
Os médicos alertam também que não fumar é fundamental, assim como medir a pressão arterial regularmente, de modo a diagnosticar a hipertensão, se ocorrer, iniciando precocemente o seu tratamento.
Frutas, legumes e verduras, contribuem para a diminuição dos problemas decorrentes das doenças cardiovasculares. A alimentação está intimamente relacionada com o estado de saúde do indivíduo em longo prazo. Portanto, os cuidados com a nutrição são importantes para todos, e não apenas para aqueles que já apresentam algum problema de saúde.
Dados sobre a doença – As doenças cardiovasculares lideram o ranking dos males que mais matam no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 30% dos óbitos no país devem-se a problemas relacionados ao coração.
Essas doenças têm apresentado cada vez mais incidência na população, isto porque a vida moderna estimula o sedentarismo e uma alimentação inadequada. Estima-se que no Brasil existam, pelo menos, 600 mil pessoas que convivem com algum tipo de problema cardíaco. Apesar de mais comuns a partir dos 45 anos, as doenças cardiovasculares são resultado da combinação de fatores de risco – como tabagismo, colesterol alto, diabetes e pressão alta – durante anos e anos.
Doenças cardíacas e ataques do coração são as maiores causas de mortes no mundo, sendo responsáveis por 45% de todas as mortes em países industrializados, e até 25% em outros
DOENÇAS CARDIOVASCULARES MAIS COMUNS
Infarto - O infarto agudo do miocárdio é uma das doenças cardíacas mais temidas, devido ao alto índice de mortalidade. Metade das pessoas que tem um infarto não sobrevive a tempo de receber atendimento médico. O infarto é provocado pela formação de um coágulo que obstrui totalmente a passagem do sangue em uma artéria do coração, causando morte de uma determinada região do músculo cardíaco (miocárdio). O sintoma mais comum é uma forte dor no peito.
Insuficiência cardíaca - Ocorre quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para o restante do corpo. Segundo a classificação da Associação do Coração de Nova Iorque (em inglês, New York Heart Association – NYHA), a insuficiência cardíaca é dividida em quatro classes, de acordo com a severidade do problema: I (assintomática), II (leve), III (moderada) e IV (grave).
Má circulação - Chamada pelos médicos de insuficiência vascular periférica. Os sintomas mais comuns são dores nas pernas, que aparecem com freqüência durante caminhadas, e passam durante o repouso.
Arritmias - É quando o coração bate de forma irregular, ou muito rápido, ou muito devagar. O coração de um adulto normal, em repouso, bate de 60 a 80 vezes por minuto. Ritmos cardíacos lentos são chamados bradicardias; ritmos rápidos são chamados taquicardias. As arritmias podem ser de vários tipos e são mais freqüentes à medida que o indivíduo envelhece. Vale lembrar que é absolutamente normal o coração bater mais rápido em situações de excitação, medo ou durante a prática de exercícios físicos.
Derrame cerebral - Conhecido no meio científico como Acidente Vascular Cerebral (AVC), trata-se de um sangramento no cérebro por causa do rompimento de vasos sanguíneos. Pode acarretar seqüelas graves e morte. Apesar de não ser uma doença cardíaca, o derrame cerebral é uma doença vascular grave e está relacionado aos mesmos fatores de risco das doenças do coração.
Sintomas – Cansaço aumentado, falta de ar, respiração curta, palpitações incômodas, dores no peito, dores nas pernas ao andar, inchaço no rosto e nas pernas, machucados que demoram a cicatrizar. Ao notar o aparecimento de algum desses sintomas, o melhor é procurar auxílio médico. “São sinais de que a pessoa pode possuir uma doença cardiovascular ou então conviver com fatores que podem desencadeá-la, como pressão alta ou diabetes”, explica o cardiologista. Em alguns casos, as doenças cardiovasculares não apresentam sintomas e podem levar décadas para se manifestar. Por isso, é importante prevenir-se, visitando o médico regularmente.
OS FATORES DE RISCO
Colesterol alto - É assintomático e detectado somente através de exames de sangue. O excesso de colesterol é perigoso, porque ele é depositado na parede das artérias, provocando a formação de placas gordurosas. Com o tempo, essas placas obstruem os vasos sanguíneos e impedem a circulação do sangue. Pode acarretar várias doenças, infarto, derrame e problemas de circulação.
Tabagismo - O cigarro contém cerca de quatro mil substâncias tóxicas para o organismo. Entre elas, estão o alcatrão e a nicotina, responsáveis pelo vício. O fumo provoca lesões na superfície dos vasos sanguíneos, favorecendo a entrada e o acúmulo do colesterol nas artérias coronárias. Está relacionado ao surgimento e/ou complicação de todas as doenças cardiovasculares. Pode ainda provocar diversos tipos de câncer.
Pressão alta - Também chamada de hipertensão arterial. É um dos grandes vilões das doenças cardiovasculares, chamada de “assassino silencioso”, porque raramente provoca sintomas. A hipertensão caracteriza-se pelo bombeamento de sangue a uma pressão superior àquela encontrada na maioria das pessoas, de até 140/90 mmHg (milímetros de mercúrio, unidade usada para medir a pressão). Pessoas com pressão arterial acima de 140/90 mmHg correm mais risco de ter problemas no coração, cérebro e nos rins. A ação da pressão alta nos vasos sanguíneos é semelhante a do cigarro, isto é, provoca lesões e favorece o acúmulo de colesterol. A hipertensão afeta cerca de 20% da população brasileira e seus efeitos tendem a ser mais sérios em pessoas da raça negra.
Obesidade e sedentarismo - Pessoas com excesso de peso tendem a ter altas taxas de colesterol no sangue e predisposição a diabetes. Da mesma forma, quem não faz nenhuma atividade física corre mais risco de enfrentar problemas de pressão e colesterol altos. Além disso, os exercícios melhoram o condicionamento físico, a resistência, o humor e a qualidade de vida em geral.
História familiar - O aparecimento de doenças cardiovasculares tem um componente genético. Quem possui parentes de 1º grau (pais e/ou irmãos) que desenvolveram o problema antes dos 50 anos (no caso dos homens) e antes dos 60 anos (no caso das mulheres) tem mais chances de também sofrer do coração. “Os hormônios estrógeno e progesterona são uma proteção natural para o sistema cardiovascular feminino. Por isso, essas doenças tendem a se manifestar mais tarde nas mulheres”, explica Dr. Glauberson.
Ter vida saudável é a melhor prevenção
A melhor forma de prevenir ou adiar ao máximo o surgimento de doenças cardiovasculares é levar uma vida saudável. Os cuidados começam com a alimentação, que deve privilegiar vegetais, gordura vegetal, cereais e frutas. Estudo apresentado no 23º Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia, na Suécia, provou que o consumo exacerbado de carnes, gordura animal, derivados do leite, açúcar e cerveja leva a problemas cardiovasculares. Sal em excesso também é perigoso, especialmente para quem tem pressão alta. A boa alimentação pode evitar problemas de colesterol, pressão alta e obesidade.
Praticar exercícios físicos regulares é o segundo passo para cuidar da saúde do coração. A atividade física beneficia o controle da pressão arterial, do colesterol e também da glicose, além de ajudar a emagrecer. “Está comprovado cientificamente que as pessoas que fazem de vinte a trinta minutos de exercícios físicos diários vivem mais e melhor”, afirma o cardiologista. As atividades mais indicadas são as aeróbicas, como caminhadas, natação e ciclismo.
Manter distância do cigarro. Se você fuma e deseja parar, o mais indicado é buscar auxílio de especialistas. “Menos de 3% dos fumantes conseguem deixar o vício espontaneamente. E a maioria desses volta a fumar após seis meses de abstinência”, alerta Dr. Glauberson. Hoje existem várias técnicas que ajudam a minimizar o desejo de acender o cigarro, como gomas de mascar, adesivos e remédios. Qualquer médico pode orientar no tratamento. Mas o principal mesmo é ter força de vontade.
Além desses cuidados no dia-a-dia, todas as pessoas – mesmo as que se sentem absolutamente saudáveis – devem visitar o consultório médico com regularidade, ao menos uma vez por ano.
Não se deve aguardar o aparecimento de problemas porque colesterol alto e hipertensão são assintomáticos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a medição do colesterol no sangue seja feita periodicamente, a partir dos 20 anos. Mas é bom lembrar que nem mesmo as crianças estão livres do problema.
Quem fuma, tem colesterol alto, hipertensão arterial, diabetes, é obeso ou sedentário, ou ainda têm pais ou irmãos com problemas cardiovasculares deve ter atenção redobrada. Nesse grupo estão as pessoas que têm maior tendência a sofrer do coração. O velho ditado é ainda o mais apropriado: prevenir é o melhor remédio – principalmente para o coração.
Edinho Trajano, com Governo da Paraíba.