Senadores da Comissão de Ciência e Tecnologia e da de Agricultura, que votaram ontem ,8, o texto principal do projeto de lei do novo Código Florestal, protestaram há pouco contra a atitude da Polícia Legislativa do Senado. A principal crítica dos parlamentares foi quanto ao uso, pelos seguranças, da pistola taser (arma de imobilização por meio de choque) contra um dos universitários.
Logo na abertura dos trabalhos, o presidente da Comissão de Agricultura, Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que nada justifica a ação do policial que atirou contra o estudante, mesmo ele estando com as mãos levantadas. O policial, autor do tiro, foi afastado da atividade ostensiva no final da tarde de ontem ,8, pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
“Nada justifica o que ocorreu no confronto de ontem dos estudantes com a segurança do Senado. O amadurecimento da democracia passa pelo amadurecimento de nossas instituições. Fiquei satisfeito de ver a atitude tomada pelo presidente Sarney”, disse o amazonense.
O relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente, Jorge Viana (PT-AC), também lamentou o episódio. Ele ressaltou a necessidade da Polícia Legislativa “tomar providências [para garantir a segurança na Casa] sem fazer uso dessas armas”.
O senador Reditario Cassol (PP-RO) protestou contra a atitude dos estudantes. “Aqui não é Casa de faroeste. Não admito que um covarde, que não deve saber o que é um Código Florestal, nunca deve ter trabalhado em uma roça, plantado uma árvore, me xingue como fui xingado ontem”. Reditario Cassol recomendou ao presidente José Sarney que ele mantenha a autoridade na Casa.
O estudante de geologia da Universidade de Brasília (UnB) Raphael Pinheiro da Rocha, detido pela Polícia Legislativa do Senado na manifestação, será indiciado pelos crimes de desobediência e resistência à prisão. Raphael foi arrastado por cerca de 20 metros, por quatro policiais, após receber voz de prisão.
O diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, disse que, em depoimento dado na presença do pai, o estudante reconheceu que simulou um desmaio, após ser arrastado. Na proximidade do elevador que dá acesso à delegacia, Raphael “tentou desvencilhar-se com chutes” dos policiais e levou um tiro de taser, pistola paralisante usada pelos agentes.
Edinho Trajano, com Agência Brasil