O dólar disparou a R$ 1,96, mas o Banco Central interveio e segurou a alta na moeda norte-americana. Produtos importados podem ficar mais caros ao consumidor no Natal deste ano
Espumantes, peixes, frutas, panetones e outros alimentos importados vão ficar mais caros no Natal e Réveillon de 2011, caso o dólar continue no patamar de R$ 1,90.
A mudança repentina no quadro cambial nos últimos dias traz incertezas quando à valorização da moeda norte-americana, que chegou a atingir um pico de R$ 1,96, ontem, antes de fechar a cotação em 1,89 para compra.
Os exportadores comemoram. Importadores esperam baixa e estabilidade. Ao consumidor, restam incertezas.
As mercadorias já negociadas não vão sofrer com a alta do dólar, mas nem tudo está fechado para as festas do final de ano.
“Provavelmente, se esse dólar continuar nesse patamar, o repasse será dado ao consumidor. Não é possível segurar com dólar muito alto”, afirma o diretor de importações do Grupo Parque Recreio, Paulo Elias.
A programação do final de Natal está sendo fechada. Apesar de importações já realizadas, os parceiros comerciais do Parque Recreio permitem negociação na forma e prazo de pagamento, comenta Elias. “Acreditamos que (o dólar) fique de R$ 1,65 a R$ 1,75”, diz.
Compras realizadas com muita antecedência amenizam a alta do dólar. É o que acontece com o Grupo Pão de Açúcar. “Quase toda a demanda que esperamos vender neste período sazonal já está nos estoques. A alta do dólar não vai impactar nos preços dos produtos para este final do ano nas lojas do Grupo”, explica a empresa por meio da sua assessoria de imprensa.
Especulação
Movimentos súbitos na economia, tanto para cima como para baixo, podem ser interpretados como especulação, comenta o economista e professor universitário, Henrique Marinho.
Para ele, o câmbio flutuante costuma trazer beneficiados e prejudicados. No caso de alta, exportadores ganham, importadores não.
“A cotação ideal é quando se estabilizar, porque não tem pressão de comprador nem de vendedor”, avalia Marinho.
Saiba mais
O câmbio flutuante é adotado no Brasil, ou seja, o mercado no País varia conforme o mercado internacional. O Banco Central (BC) não pode determinar o valor da dólar, mas pode intervir para amenizar bruscas altas ou baixas. Ontem, a moeda norte-americana quase atingiu R$ 2. O BC vendeu dólar para o mercado futuro (contrato de swap) e atenuou a alta. Apesar de não ter indicado nesse sentido, se precisar, o BC pode intervir novamente. Para tanto, tem cerca de US$ 350 milhões para vender, lembrou o economista Henrique Marinho.
Números
1,96
reais foi o pico no valor da cotação do dólar ontem. O Banco Central interveio e a moeda recuo, fechando a R$ 1,89. Dólar maior agrada aos exportadores.
5%
foi o percentual médio de queda das bolsa de valores europeias, ontem, influenciada por incertezas da economia mundial e pela crise da dívida soberana na zona do euro.
Edinho Trajano, com JH.
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