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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Stevie Wonder, cego, foi o melhor, mas o Rock in Rio foi reprovado em acessibilidade


Ele foi praticamente uma unanimidade. Nove em cada dez celebridades brasileiras elegeram-no como o melhor show de todo o Rock in Rio. Aos 61anos, Stevie Wonder foi chamado de Pelé da melodia e da harmonia e levantou a platéia no festival cantando "Girl from Ipanema", com a filha Aisha no vocal, e "Você abusou".  
Para a superintendente do IBDD, Teresa Costa d'Amaral, "Stevie Wonder, cego, foi o melhor de todos".
Para os fã, foi uma aula de música. "Em meio a todas as reclamações de que os cantores desafinavam, que estavam usando playback, que o som estava ruim, quando Stevie Wonder começou a cantar foi um silêncio e todo mundo soube o que é música de verdade", afirmou Catarina Hering, admiradora do astro pop.  "Além da voz, do piano e da gaita afinadí­ssimos, a simpatia acabou por conquistar o público, que cantou feliz da vida Garota de Ipanema com Stevie e sua filha Aisha".  
Para os críticos ele foi perfeito. "A voz de Stevie pouco perdeu de sua potência e reverbera cada vez mais a emoção que ele sente ao cantar e ao ouvir seus músicos e o publico", escreveu o jornalista Arnaldo Bloch. "É transparente nele o prazer de viver, mesmo privado do sentido da visão. Não houve outro show tão bom e não sei se haveá até o fim do festival".
A alegria e o prazer de cantar que Stevie Wonder esbanjou no palco, faltou para as pessoas com deficiência, cegos como ele, por exemplo, que foram ao festival para se divertir, acreditando nos anúncios oficiais de que a Cidade do Rock estaria acessí­vel. O promotor Rafael Luiz Lemos de Souza, da Promotoria de Justiça de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência está coletando inúmeras reclamações.
"O maior problema do evento foi a desinformação da equipe de apoio mesmo com perguntas simples. Este é um problema grave porque sabota todo o esquema de acessibilidade", afirma o promotor. Do lado de fora da Cidade do Rock, estava "muito ruim", segundo ele. Entre tantos problemas, não havia indicação de estacionamento para pessoas com deficiência e não estava claro que os carros com adesivos azuis entrariam no bloqueio ou não.
Membro da Comissão da Pessoa com deficiência da OAB/RJ, Deborah Prates, cega, foi ao festival e concorda com o promotor Rafael Luiz. "O Rock in Rio foi um total desrespeito dos organizadores em relação às pessoas com deficiência", diz ela, relatando que não havia portões especiais para deficientes, nem banheiros adaptados em quantidade e os ônibus não eram acessí­veis.
"Pedi informações sobre a localização de banheiro para mais de 20 seguranças e, mesmo com rádios, não sabiam nada de nada. O pior é que passavam rádio na nossa frente e diziam "esperem aqui que virá um promotor do evento buscar você, e ficávamos ao Deus dará. Ninguém aparecia, fomos feitos de tolos inúmeras vezes", afirma Deborah.
A quarta edição do Rock in Rio foi um duro teste para a cidade que sediará a Olimpí­ada e Paraolimpí­ada de 2016.  Especialmente porque o local onde foi realizado o festival é a primeira das instalações a ficar pronta para os Jogos de 2016. E, em termos de acessibilidade, o Rock in Rio reprovou o Rio de Janeiro.

Rita Bizerra, com IDB

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