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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Conselho Nacional de Justiça denuncia prática de castigos físicos contra jovens na Paraíba


Cerca de 60% de adolescentes que vivem em unidade de internação em João Pessoa reclamam dessa prática





Conselho Nacional de Justiça denuncia prática de castigos físicos contra jovens na Paraíba
Segundo relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é prática comum a imposição de castigos físicos a adolescentes privados da liberdade por envolvimento em atos infracionais na Paraíba. Divulgado nesta quarta-feira (26), o Relatório do Programa Justiça ao Jovem do CNJ indica a existência de maus tratos no Centro de Atendimento ao Adolescente de João Pessoa (CEA) e jovens vivendo em local inadequado em Campina Grande, a 112 quilômetros da capital.

Criado em 2010, o programa avalia a execução de medidas socioeducativas de internação em todo o Brasil. Relatórios sobre a situação em 22 estados mais o Distrito Federal já foram divulgados até agora. Apenas no caso de São Paulo, por exemplo, a visita de representantes do CNJ ocorreu em agosto.

No CEA de João Pessoa, 60% dos adolescentes internados reclamaram da prática de castigos físicos à equipe do CNJ, formada por um juiz, dois técnicos e dois servidores. Seis unidades de internação de jovens foram percorridas em novembro de 2010, mas o relatório só veio a público quase um ano depois.

A equipe do CNJ também encontrou irregularidades na unidade de Campina Grande, onde a situação é "preocupante". A internação provisória dos jovens ocorre de forma adaptada num edifício planejado para ser anexo de uma delegacia de polícia. Os adolescentes são alojados em um local semelhante a uma cadeia, sem espaço adequado para atendimento por técnicos de diferentes áreas do conhecimento, prática esportiva ou atividade de grupo. Só há espaço para banho de sol, segundo o relatório.

Na avaliação dos especialistas do CNJ, de modo geral, a estrutura física das unidades é inadequada. “As instalações são muito deficitárias na Paraíba”, afirmou Daniel Issler, juiz auxiliar do CNJ e coordenador do Programa Justiça ao Jovem.

Para Issler, o aspecto positivo do atendimento aos adolescentes em conflito com a lei é a possibilidade de oferecer-lhes educação formal. Os jovens até têm aulas do ensino fundamental ao médio na maior parte das unidades do estado, mas faltam cursos profissionalizantes, segundo o magistrado. O relatório pede urgente e completa mudança do sistema de internação de adolescentes por desobediência aos ditames legais.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação Institucional do governo da Paraíba não comentou a denúncia do CNJ.


Edinho Trajano, com Redação Pb Agora.

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