O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, usará amanhã sua última bala de prata para estimular a economia do país, reduzir o desemprego e, consequentemente, assegurar sua reeleição em 2012. Em sessão conjunta no Congresso, Obama tentará cativar a ala radical republicana com medidas como a concessão de US$ 300 bilhões em créditos tributários a setores produtivos, a prorrogação da alíquota reduzida do imposto sobre a folha de pagamentos e o financiamento de obras de infraestrutura por meio de cortes adicionais nos gastos públicos.
A expectativa é de as medidas fiscais serem completadas por iniciativas de política monetária pelo Federal Reserve, o banco central norte-americano. No próximo dia 21, o Fed decidirá sobre a adoção de uma terceira etapa de compra de títulos do Tesouro de longo prazo, desta vez com o pagamento em papéis de curto prazo. Hoje, no Livro Bege de avaliação da economia do país, o Fed ressaltou o ritmo lento da atividade entre meados de julho e o final de agosto. Em algumas regiões, além do setor imobiliário ainda fraco, a indústria desacelerou, e houve impactos do furacão Irene.
Os EUA enfrentam uma taxa de desemprego de 9,1%, equivalente a 14 milhões de trabalhadores, mais um total de 2,6 milhões de pessoas à margem do mercado de trabalho. A proposta de Obama é considerada em Washington como mais propensa à aprovação, ao contrário do que ocorreu com seu plano de redução da dívida pública. Primeiro, porque a Casa Branca foi astuta ao incluir medidas já aprovadas pela oposição em ocasiões anteriores. Também pesa neste momento a pressão popular por uma atitude mais responsável do Congresso na área econômica.
Os líderes republicanos na Câmara dos Deputados indicaram uma boa recepção às sugestões de Obama. Esta será a sexta vez que um presidente americano discursa em uma sessão conjunta do Senado e da Câmara desde 1990. Com a desaprovação de 60% dos americanos a seu desempenho na arena econômica, segundo pesquisa de opinião do Washington Post e da ABC News, Obama depende do sucesso de seu plano para ser reeleito.
O plano de Obama estará centrado no conceito keynesiano de geração massiva de empregos por meio de obras públicas. A Casa Branca pretende criar um banco de infraestrutura para prover os recursos necessários, incentivar a participação privada nos projetos e aumentar os gastos orçamentários nesse setor. O alvos serão escolas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, geração de energia e expansão da rede de internet. As obras são avaliadas como essenciais para aumentar a competitividade da economia.
Somada à extensão do prazo do seguro-desemprego, a prorrogação por mais um ano da redução de 6,2% para 4,2% na parcela do trabalhador da Previdência Social deverá custar US$ 170 milhões por ano aos cofres públicos. Obama pretende ampliar esse benefício fiscal também para a parcela das empresas sobre a folha de pagamento, para contentar a oposição e incentivar novas contratações. Nas contas da Moody's, a supressão dessa vantagem aos trabalhadores poderia custar 0,5 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB).
Edinho Trajano, Com Agência Estado.
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