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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Joana Belarmino: um modelo de força e determinação a ser seguido


Ela conheceu o mundo através da leitura sensorial, das percepções de seu corpo e das respostas de seu coração. Não à toa, tornou-se um exemplo de vida para sua família, colegas de profissão e todos aqueles que um dia tiveram a oportunidade de tê-la como interlocutora por poucos minutos que seja. Filha de um casal de camponeses, sertaneja e portadora de deficiência visual desde o nascimento, a jornalista, poeta, escritora e professora universitária, Joana Belarmino de Sousa, de 54 anos, sempre desafiou seu destino. Mostrando a todos em sua volta que por qualquer que fosse a sua dificuldade ou limitação, vontade e persistência são os únicos elementos essenciais na busca de um sonho, Joana desbravou o mundo se tornou um modelo de força e determinação a ser seguido. É por esse motivo, também, que este ano, ela é a grande homenageada da décima edição do Prêmio AETC de Jornalismo, que premia nesta quinta-feira (15) os melhores trabalhos do concurso 2011, durante solenidade na Maison Blu’nelle, a partir das 21h.
Mãe, avó, profissional, mulher, amiga. Nos diversos papéis da vida, a biografia de Joana Belarmino apresenta uma pessoa que não se furtou a oferecer ao mundo o que tinha de melhor. Joana iniciou sua trajetória no campo, na cidade de Itapetim, no Alto Sertão do Pajeú pernambucano, ao lado de seus pais, Gerci e Mariano Belarmino de Sousa. Logo cedo, aos seis anos, foi enviada a um colégio voltado especialmente para crianças cegas, tendo, por isso, que se distanciar dos banhos de riacho e da companhia dos pais. Mas, ela não reclama, pois foi lá, no colégio, que ao aprimorar a leitura, despertou para sua grande paixão: a escrita. A dificuldade, conta ela, foi grande, mas com menos de dez anos ela já ousava escrever suas primeiras histórias, mostrando, desde cedo, que as limitações que possuía não a impediriam de realizar seu grande sonho que era o de ser jornalista.
Porém, antes de chegar a bacharel em Comunicação Social (Jornalismo) pela Universidade Federal da Paraíba (1981), mestra em Ciências Sociais pela mesma universidade (1996) e doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2004), a professora relata que o caminho para sua realização passou pelo descrédito e o preconceito daqueles que ao contrário, deveriam incentivá-la. De acordo com ela, foi ainda na adolescência, quando decidiu que seguiria a profissão de jornalista, que seus próprios professores a desestimularam. “Eles se perguntavam: mas como uma pessoa cega pode querer ser jornalista? E diziam das dificuldades que eu teria ao entrar em uma redação”, lembra, frisando, no entanto, que mesmo assim, encarou o vestibular e ingressou no curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFPB.
Hoje, com 30 anos de trajetória profissional e um currículo de causar inveja a qualquer pessoas sem limitações, com passagens pelo jornal O Norte, A União e o jornal O Momento, é na Universidade que suas experiências deságuam. Para ela, que desenvolve pesquisas nas áreas de acessibilidade, ciberativismo, cegueira e percepção tátil, arte, literatura e comunicação na UFPB, a conformidade é um das piores posturas que o homem pode ter diante do mundo. “Para crescer como individuo, temos que romper com a leitura conformada que temos do mundo. Para isso, é preciso ter curiosidade para entender e transformar o mundo em que vivemos”, observa ela, que deseja encerrar o decênio do Prêmio AETC de Jornalismo não com um nome estampado em um banner, mas sim, com trabalho. “Esta também é uma homenagem à UFPB e à luta dos que lá estão formando os nossos profissionais da imprensa”, finaliza a homenageada, apontando para a continuidade de sua luta, esta voltada agora para a assistência daqueles que estão em sala de aula e também desejam se tornar grandes jornalistas.
 Trajetória Profissional
             Tendo se tornado jornalista diplomada no ano de 1981, Joana não tardou a encontrar um emprego. Com apenas quinze dias de formada, ela foi contratada pelo Jornal O Norte, onde permaneceu por nove anos. A partir dali, ela sabia, começava o grande desafio de sua vida. “Eu atuava igual aos outros colegas. Digitava em máquinas de datilografar e, cega, eu não podia corrigir meus textos. Torcia para que estivesse tudo certo antes de chegar ao meu editor”, recorda, transparecendo a emoção que certamente sente todas as vezes que volta trinta anos no tempo. “Quando ouvia o editor dizer que a matéria está ‘descendo’, ficava aliviada, porque essa era a confirmação de que o texto estava pronto para ser publicado e que não havia erros”, revela, acrescentando que depois do O Norte, ainda atuou no Jornal A União e no Jornal O Momento, tendo se dedicado, a partir de 1994, à docência e à pesquisa no âmbito da UFPB.

Edinho Trajano, com assessoria

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