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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ronaldo Cunha Lima quebra o silêncio e abre coração: “A vida nos exige o fingimento”



A decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou a posse imediata de Cássio Cunha Lima no Senado Federal mexeu com todo o clã Cunha Lima, que há algum tempo estava em 'stand by'. Depois do ex-governador Cássio Cunha Lima, agora foi a vez do pai do tucano, o também ex-governador Ronaldo Cunha Lima se manifestar da forma mais original - através da poesia.
A entrevista é do Blog do Jornalista Marcos Alfredo, que conseguiu, com exclusividade, entrevistar o poeta com verso e poesia.

Perguntas foram feitas em forma de versos e as respostas, naturalmente, seguiriam o mesmo modelo. Nesta entrevista exclusiva do Blog do Marcos Alfredo, o ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-prefeito de Campina Grande, ex-governador, ex-senador, ex-deputado federal responde a perguntas delicadas sobre sua percepcão de vida à esta altura de sua existência, quando, aos 75 anos de idade, enfrenta problemas de saúde, já mantém uma agenda mais reservada e longe do burburinho do palco político, mas continua com sua mente produzindo em alta escala.

Confira na íntegra:

Ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-prefeito de Campina Grande, ex-governador, ex-senador, ex-deputado federal....Ronaldo José da Cunha Lima, 75, já passou por todos esses cargos públicos, ao longo de 43 anos de carreira política.

Afastado da atividade pública por problemas de saúde, o guarabirense Ronaldo Cunha Lima tem orgulho de não ser “ex” numa atividade: poeta. Com vários livros lançados e sempre um no prelo, pois sua produção mental continua fervilhando o dia todo, Ronaldo de fato aceitou de bom grado essa nossa proposta inusitada de entrevista.

As respostas começaram a ser produzidas na semana passada, num momento especial à essa altura da vida do poeta: finalmente, após um longo suplício jurídico, seu filho e herdeiro político Cássio Cunha Lima teve a diplomação e posse determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Foi uma notícia que animou o velho espírito de um político que, na maior parte de sua vida, sempre se tornou na Paraíba referência de bom humor, irreverência, raciocínio rápido e alto astral.

Mas vamos à entrevista no padrão que Ronaldo Cunha Lima mais se compraz. Espero que o leitor também tenha prazer nesse nosso inusitado “Ping Pong”.


Pergunta: Blog de Marcos Alfredo

O vate faz que vê o invisível,  

Diz que toca, quando quer, o abstrato  

Tem o éter alugado em comodato,  

Superlota de idéia o incabível.  

Põe entrada no inadmissível,  

Diz que alma apaixonada furta cor,  

E que vê, sempre, o Anjo do Senhor  

Como a burra de Balaão, Profeta.  

Lhe pergunto:Assim como o poeta  

É todo homem público, fingidor?





Resposta: Ronaldo Cunha Lima


 

A vida nos exige o fingimento,  

Fazendo-nos atores, todo instante.  

O palco é passageiro, e tão constante,  

Como é constante o perpassar do vento!  

A depender do drama e do momento,  

O palhaço, o profeta, o pensador,  

O poeta, o político que for,  

Numa jura jurada só metade,  

Dependendo da dor d’uma verdade,  

De quando em vez se vão de “fingidor”!


 

Pergunta: Blog de Marcos Alfredo  

 

O poder da auto-crítica só tem mérito  

Se promove o perfil do "suplicante"  

Toda conjectura nos garante  

Recorrer ao futuro do pretérito.  

cada homem constrói o seu inquérito  

Da forma que julgar a preferida.  

Ao passado onde foi nossa guarida  

O presente guarnece com escolta.  

Se no tempo, possível fosse a volta  

O que reformaria em sua vida?



 

Ronaldo:


 

A minha vida, escrita em livro aberto,  

Com poucos erros e plurais acertos,  

Embora me esmerasse nos consertos,  

Eu a vivi de coração aberto.  

Pedi perdão nos erros e, decerto,  

Apesar dos percalços e das dores,  

Aos meus acertos não pedi louvores.  

Mas se o tempo voltasse a minha estrada,  

Eu seria bem mais pra quem tem nada  

Seria bem mais fértil nos favores!


 

Pergunta: Blog de Marcos Alfredo  

 

"As dores do mundo", de momento  

Citadas na canção fazem pensar  

Que a paixão as permitem suplantar,  

Mas levanto este questionamento:  

Dentre as tantas, a do arrependimento  

Da doença, que dos olhos rouba a cor,  

Do exílio, que causa dissabor  

Da mais temível "fera", solidão  

Da injustiça, que fere a razão,Qual delas constitui a maior dor?



 

Ronaldo:




As dores que marcaram minha vida,  

Machucando de morte os dias meus,  

Em preces puras entreguei a Deus,  

Numa graça por Ele concedida.  

E depois dessa graça recebida,  

A minha vida a Deus tendo entregado,  

Liberto estou das dores do passado!  

Há uma dor, porém, que me entristece,  

Uma dor que resiste à minha prece:  

A dor maior de amar sem ser amado!

Edinho Trajano, com Blog do Marcos Alfredo

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