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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Romero denuncia descaso do Poder Público para com o patrimônio histórico de Campina Grande

O deputado federal Romero Rodrigues está denunciando na Câmara dos Deputados, em Brasília, o descaso da Prefeitura Municipal de Campina Grande para com o patrimônio histórico e cultural do Município. Ele denunciou o “desrespeito dos que estão à frente da Administração de Campina Grande para com as riquezas históricas e patrimoniais da cidade, e, no caso em particular do prédio da Estação Ferroviária de Campina Grande, a Estação Velha”.

“Lamento a situação em que se encontra o prédio da Estação Ferroviária de Campina Grande. É um desrespeito à história e a todos os que colaboram com o crescimento de Campina Grande. Falta sensibilidade do Poder Público para intervir e tomar providências para com a questão. Hoje um dos prédios simplesmente está em ruínas. O local está servindo para o uso de drogas. É lamentável todo esse quadro, e não vemos qualquer ação do poder Público. É lamentável e muito triste toda a essa situação. A estação foi tombada pelo IPHAEP em 2001 e hoje está com parte em ruínas”, disse.

- Dá pena ver o quadro em que se encontra a Estação Velha, com o teto desabado, o local imundo, com muita sujeira, lixo, infiltrações e outras mazelas, sem que a Administração do Município se sensibilize para com o problema e tome providências. É muito triste.

Historiando os fatos, lembra que a estação original de Campina Grande foi inaugurada em 1907 pela Great Western, como ponta de linha do ramal de Campina Grande. "O ano era 1907. Um sentimento de euforia e surpresa tomava conta dos moradores de Campina Grande com a notícia de que chegaria à Estação Ferroviária Great Western - hoje conhecida popularmente como Estação Velha - do primeiro trem que atenderia à população da Rainha da Borborema.

O trecho da linha saía de Itabaiana com destino a Campina Grande, passando pelo distrito de Galante. A chegada oficial do trem na Estação de Campina Grande é datada de 2 de outubro de 1907, mas estudiosos como Epaminondas Câmara - autor do livro Datas Campinenses - registrou que em 7 de setembro daquele ano a máquina começou a trafegar, ou seja, há 99 anos. Em quase um século de história, especialistas confirmam a importância deste segmento para o desenvolvimento urbano e econômico campinense e criticam a falta de conservação em alguns trechos do Sertão paraibano, por onde a linha férrea passava que hoje estão jogados ao descaso. O meio de transporte hoje é utilizado apenas para carregamento de mercadorias. "Onde o trem chegava havia uma movimentação econômica muito grande sem contar nas mudanças comportamentais e culturais que a chegada da novidade promovia no cotidiano da população ", explica o professor Gervácio Batista Aranha, do departamento de História da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

O professor estuda o fenômeno do sistema ferroviário no Nordeste; inclusive a tese de que defendeu no doutorado pela Universidade de Campinas (Unicamp) teve como tema "Trem, Modernidade e Imaginação na Paraíba e Região". Até a década de 1940, a estação foi ponto de destaque no desenvolvimento econômico e cultural campinense. O transporte de produtos - como o algodão - para outros portos do Brasil e Europa levava e trazia novidades e riquezas, influenciando na vida das pessoas. Como todo importante ato histórico, a chegada do primeiro trem à estação de Campina Grande foi marcada por uma grande presença popular com a participação de autoridades que estruturavam o cenário político da época. Documentos da época mostram que uma banda de música animava o momento e fogos de artifícios convidavam a população local a participar da festa.

Uma comitiva da empresa Great Western chegou por volta do meio-dia da quarta-feira, dia 2 de outubro de 1907. Na recepção o prefeito Cristiano Lauritzen acompanhado do major Lino Gomes, major Juvino do Ó, Alferes Manuel Paulino de Morais, professor Clementino Procópio, monsenhor Sales, Tito Sodré, Benedito Rodrigues, Afonso Campos, José Pinto, Manuel Lins de Albuquerque e os irmãos Cazuza, Miguel e Francisco Barreto engrossavam a lista de  personalidades presentes ao momento histórico. O orador da solenidade era o médico e empresário Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. Às seis horas da tarde - depois de um atraso de quatro horas - os presentes no local avistaram de longe a máquina - enfeitada com folhas de palmeiras e duas bandeiras do Brasil - e o apito anunciava a tão esperada chegada do trem à Rainha da Borborema.

O professor Gervácio Batista Aranha explica que na época da inauguração, Campina Grande possuía apenas cerca de seis mil habitantes, sendo que quase quatro mil pessoas compareceram ao evento. "Era a realização de um sonho alimentado por mais de duas décadas pela população e autoridades locais", frisa. Mas foi necessário um pouco de pressão política para que o sonho se tornasse realidade. Documentos que tratam do assunto mostram que o prefeito da cidade na época, Cristiano Lauritzen, foi duas vezes ao Rio de Janeiro para conseguir recursos e apoio federal para construção de uma linha férrea para Campina Grande. "Havia muito jogo político nesse sistema, o que deixou muitas cidades prejudicadas", destaca o professor. O funcionamento do sistema ferroviário no Brasil está ligado diretamente às mudanças de costumes e comportamentos na vida da população campinense, assim como aconteceu com as demais cidades do País que eram atendidas pelo sistema de ferrovias. A conexão com outros pólos econômicos e sociais possibilitou aos campinenses o contato com culturas de outras partes do País, influenciando no modo de viver da sociedade. No transporte de passageiros, o trem mais famoso na cidade foi o Asa Branca que fazia a linha entre Recife (PE) e Fortaleza (CE), passando por João Pessoa e Campina Grande.

Hoje, a imagem mais presente no cotidiano dos campinenses sobre o sistema ferroviário é o funcionamento do trem do forró, durante os festejos do Maior São João do Mundo. O passeio sai da Estação Velha com destino ao distrito de Galante. Na estação também funciona o Museu do Algodão" (Jornal da Paraíba, 03/09/2006). Somente em 1958, a já Rede Ferroviária do Nordeste terminou e entregou a ligação ferroviária entre esta estação e a de Patos, no ramal da Paraíba da RVC, e a RFFSA, já controlando as duas linhas, incorporou não só o trecho Patos-Campina Grande como também o trecho Souza-Patos à rede da RFN. "A estação nova de Campina Grande foi inaugurada no dia 14 de Fevereiro de 1961 pela RFN, em um lugar mais amplo para as máquinas poderem fazer suas manobras, no intuito de expandir os serviços ferroviários em Campina Grande. Sua construção remonta ao ano de 1957, quatro anos antes, em virtude da comemoração do cinqüentenário de chegada do trem a Campina Grande. Ela passou recentemente por uma reforma, a cargo da atual concessionária, a CFN. A edificação apresenta característica do estilo Modernista, e suas linhas arquitetônicas lembram o Lyceu Paraibano, da Capital do Estado. Sua fachada é ornamentada por um painel decorativo, da autoria de Paulo Neves do ano de 1960. O nº do seu patrimônio inscrito na antiga RFFSA é 1240148. A estação foi tombada pelo IPHAEP em 2001. Possivelmente, o imóvel abrigará no futuro o Museu da CFN. Encontra-se em frente à sua plataforma uma placa alusiva ao Cinqüentenário da chegada do 1º Trem de Ferro a Campina Grande como 'marco da valorização econômica do interior paraibano" (Jônatas Rodrigues, 02/2009).

A pesquisa histórica levantou as seguintes fontes: Jônatas Rodrigues, 2009; Antonio Emerson Pombo de Farias; Cesar Sacco; Carlos Alberto Martins da Matta, 2005; Jornal da Paraíba, 03/09/2006; Wikipedia; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht. Estacoesferroviarias.com.br/paraiba/campina.htm

 Rita Bizerra, com assessoria

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