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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Faltam produtos, sobra demanda


A população idosa brasileira vai quase triplicar em 40 anos. Mas hoje a sociedade não está preparada para a terceira idade, tanto que os bens e serviços ainda são escassos


A sociedade ainda não está preparada para o idoso. Pelo menos 80% do povo brasileiro concorda com essa afirmação, de acordo com pesquisa apresentada no IV Fórum da Longevidade Brasil. Ainda que a população da terceira idade seja responsável por consumo mensal de R$ 7,5 bilhões, são escassos os bens e produtos acessíveis para o público acima de 60 anos.

Cada vez mais, porém as pessoas, e principalmente os empresários, terão de se preparar para atender às demandas desses clientes. Afinal, em 2050, a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que o número de idosos brasileiros chegue a 30%. Vai quase triplicar. Hoje, segundo dados do Censo Demográfico 2010, o segmento representa 10% da população total: cerca de 21 milhões de brasileiros são idosos. Em 1991, era de 4,8%. Em 2000, cresceu para 5,9%.

Por isso, a previsão dos publicitários é que as empresas capazes de perceber essa tendência antes que ela se concretize sairão na frente. “A população está ficando cada vez mais velha. Nós vivemos numa sociedade que é movida por lucro e novidades. Na hora que tiver mercado para os produtos para idosos, as coisas vão acontecer. Quem se antecipar vai conseguir sair na frente”, prevê Fernando Costa, diretor de criação da agência Verve Comunicação.

Empresas como Natura, Bradesco, Itaú, Pão de Açúcar, Avon, Coca-Cola e O Boticário já investem em pesquisas para ampliar o conhecimento sobre este segmento. O número de negócios que entende esse perfil de consumidores, no entanto, ainda não é significativo. Sendo assim, não tem como haver comunicação de um produto sem que ele exista. É nisso que acredita Victor Novaes, diretor corporativo da Aldeia Propaganda. “Não tem como as agências de publicidade criarem campanha de algo que não existe. Faltam empresas que tenham mercadorias desse tipo”.

Victor atribui à falta de visão das empresas a escassez de produtos e campanhas publicitárias para o público idoso, uma vez que elas ainda não desenvolvem um trabalho de criação de novos produtos que possa criar um mercado para o segmento. “Se um tablet não foi criado nem pensado para os idosos, não tem como a agência inventar uma campanha dessas. Além disso, não é o perfil do idoso querer mexer num tablet. Ele quer viajar, fazer sua natação. É uma geração menos ligada à rapidez da informação. É outra fase”, afirma Victor.
 
Exemplo

O médico Jonas Marinho, 81, discorda do publicitário. Jonas tem conta no Facebook, acessa diariamente o Youtube e acompanha as notícias pela Internet. Ele, que não se considera idoso, disse acreditar que o mundo da tecnologia é “fantástico”, por incentivar o exercício da memória e estimular a inteligência. Ele afirma que vai procurando aprender “devagarzinho” os usos dos equipamentos tecnológicos.

“Para mim é divertido, mas é um desafio. Não vejo nenhuma tecnologia específica para idoso, como iphone ou iPad, por exemplo. Mas os idosos é que devem procurar se interessar por isso. Somos nós que devemos ir atrás de aprender”, ensina. A única dificuldade que o médico aponta, no entanto, é com o inglês. Ele gostaria que as páginas da internet que acessa fossem em português.

Se o mercado ainda não está preparado para os idosos, no entanto, não basta que pessoas como Jonas demonstrem interesse em, ainda assim, aprender com o que se tem. “Na agência, tudo depende de compra e demanda dos clientes. Essas demandas não estão existindo aqui no Ceará ainda. Mas por isso mesmo a gente não tem campanha que atenda à melhor idade”, afirma Fernando. A solução para a falta de bens e serviços ao segmento da terceira idade, segundo ele, depende antes de tudo de órgãos públicos, que deveriam dar o exemplo e produzir campanhas de valorização.

Os idosos

Duas pesquisas, uma do Ibope Inteligência e outra apresentada no IV Fórum da Longevidade Brasil, apontam que os idosos:

Querem ser respeitados por sua trajetória de vida e experiência;

Relacionam qualidade de vida com saúde e autonomia;

Apostam em estar ativos e saudáveis;

Acreditam que a cidade onde se vive pode ser crucial para a qualidade de vida;

Ainda têm sonhos de consumo e desejos como viagens, uma nova casa ou uma reserva para ajudar seus familiares diretos.

Edinho Trajano, com JH.

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