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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Com três meses de Campanha, mais de 15 mil armas já foram recolhidas em ação contra desarmamento


"O Brasil é o país em que mais se morre e mais se mata com arma de fogo no mundo”, de acordo com as Nações Unidas (ONU). A cada dia, 95 brasileiros são mortos a tiro. Dessa média, a maioria é de jovens negros.
 
Tais dados levaram o país a aprovar em 2003 o Estatuto do Desarmamento, o qual prevê, dentre outras medidas, o fim do porte de armas para civis. Desde 2004, foram realizadas três campanhas de desarmamento para recolhimento de armas de fogo. Este ano, mais de 15 mil armas já foram entregues. A campanha deste ano segue até 31 de dezembro.
 
Já no primeiro ano de realização da Campanha Nacional de Desarmamento Voluntário, em 2004, com cerca de meio milhão de armas recolhidas, o número de mortos por arma de fogo caiu 11%. A entrega é anônima e a arma pode ser registrada ou não. Para cada arma entregue, é oferecida em troca uma indenização que varia de 100 a 300 reais. Munições também são recolhidas, mas não são indenizadas.
 
"90% das armas do país estão nas mãos de civis e é uma das principais fontes para bandidos”, afirma Antônio Rangel, da coordenação nacional da Campanha, como representante de organizações da sociedade civil. A média internacional é de 70%. "O Brasil é um dos países mais armado do mundo e isso não demonstra segurança”, destaca. Desse total, 50% das armas são ilegais, ou seja, não são registradas.
 
As armas entregues vêm de histórias como a de Jail Serra, do Rio de Janeiro. "A arma era do meu sogro e estava na família há 30 anos. Nunca foi usada. Decidi entregar porque arma não oferece nenhumasegurança, pelo contrário. O bandido sabe usar melhor e pode usá-la contra a gente. Acho que desarmar a população pode diminuir a violência”, declarou ao site "Entregue a sua arma agora”.
 
Segundo Rangel, em 2003, 27 mil armas foram roubadas das mãos de civis para servirem à criminalidade. "São armas sem histórico, as prediletas dos bandidos”, explica. Ele aponta que as armas geram mais insegurança em situações de perigo, tendo em vista que os assaltos são inesperados. Segundo pesquisa realizada nos Estados Unidos, a arma de fogo em uma residência tem 22 vezes mais chances de ser utilizada para homicídios, acidentes ou suicídio, do que para defesa pessoal.
 
Na avaliação do coordenador, a Campanha tem demonstrado um saldo positivo desde a sua criação. "A Campanha de Desarmamento aliada à proibição do porte de arma colaboraram uma redução de 8% dos índices de violência desde 2005”, avalia. No entanto, ele ressalta que a política de recolhimento deve estar unificada com uma profunda reforma que torne, sobretudo, a polícia mais eficiente. Rangel aponta a própria polícia como uma das principais fontes de fornecimento de armas ao crime.
 
Outra medida relevante destacada é a fiscalização por parte do governo. "A lei (Estatuto do Desarmamento) é boa, mas as autoridades não fiscalizam o comércio. Apesar dos requisitos para obtenção de uma arma, as lojas vendem normalmente”, critica Antonio Rangel. Ele destaca que 68% das armas apreendidas com bandidos, no Rio de Janeiro, foram obtidas em lojas. As empresas de segurança privada, "que também não são fiscalizadas” são outra fonte de desvio de armas para utilização no crime.
 
O coordenador da Campanha ressalta ainda a participação da sociedade civil na campanha deste ano. "Algumas pessoas não confiam na polícia para entregar a sua arma”, justifica. ONG’s, igrejas, lojas maçônicas são alguns dos espaços que estarão disponíveis para recebimento. A capilaridade que poderá ser alcançada com os diferentes postos de coleta também é citada como um ganho com o envolvimento de diversas organizações.
 

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