Assentados e agricultores familiares discutem ampliação da cultura do abacaxi na Paraíba
O Assentamento Santa Lúcia, no município de Araçagi, no brejo paraibano, sediou, na tarde desta quinta-feira (7), a reunião que deu início ao Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) para a abacaxicultura na Zona da Mata Norte do Estado – a maior região produtora da fruta na Paraíba. O projeto se baseia nas normas do Comércio Justo (Fair Trade) e Solidário e nos princípios do desenvolvimento sustentável, com atividades focadas nos três pilares de desenvolvimento: social, econômico e ambiental.
O objetivo, de acordo com Marta Batista Alves, da Capacitar Consultoria, é trabalhar, junto a assentados e agricultores familiares da Cooperativa dos Hortifrutigranjeiros de Araçagí, Itapororoca, Lagoa de Dentro e Adjacências (Cooperfruta), sediada no Assentamento Santa Lúcia, a gestão organizacional e de produção. “Buscamos trabalhar os princípios do Comércio Justo e ainda o planejamento da produção e a garantia da qualidade e da comercialização dos produtos”, explicou a técnica.
A estratégia de execução implantada enfoca o planejamento participativo e a assistência técnica integrada às atividades que já estão sendo desenvolvidas na área por entidades como o Sebrae, o Banco do Brasil, o Banco do Nordeste, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB), a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).
A programação do encontro foi aberta com a palestra de implantação do DRS apresentada por Edvaldo Barbosa, do Banco do Brasil. Em seguida, o agricultor José Manoel do Nascimento, presidente da Cooperativa dos Agricultores das Frutas da Paz (Cooapaz), que reúne agricultores familiares do Assentamento Fazenda da Paz, em Maxaranguape (RN), proferiu palestra sobre os benefícios da certificação Comércio Justo.
Trabalho em cooperativa
Para o diretor de vendas da Cooperfruta e presidente da Associação de Produtores de Abacaxi do Município de Itapororoca, Francisco Alves de Paiva, o trabalho em cooperativa cria novas oportunidades para o agricultor. “Sozinho, o agricultor não tem condições de negociar tão bem quanto em coletividade. Quando eu junto a minha produção com a de outros as portas se abrem”, afirmou.
Segundo Francisco, somadas, as 32 famílias de assentados e agricultores familiares vinculadas à Cooperfruta possuem 100 hectares plantados com abacaxi, o que significa uma produção de cerca de 300 mil frutas a cada 15 meses.
“É um experiência nova, mas que já mudou muita coisa no nosso modo de pensar. Agora temos que decidir em coletividade, como organização. Antes a gente pensava de outra forma, agora pensamos muito no meio ambiente e no consumidor que vai adquirir nossos produtos, que precisam ter qualidade”, concluiu o agricultor.
A intenção da Cooperfruta é, primeiramente, de acordo com Francisco, atender o mercado interno e aumentar a quantidade e a qualidade do abacaxi produzido pelas famílias cooperadas.
Cooperfruta
A Cooperfruta, situada no Assentamento Santa Lúcia, zona rural de Araçagí, foi criada em junho de 2010 com a finalidade de desenvolver as atividades hortifrutigranjeiras dos assentados da região, especialmente da cultura do abacaxi.
A maioria das 32 famílias cooperadas pertencem ao Assentamento Santa Lúcia, mas também participam da Cooperfruta sete famílias de agricultores de Itapororoca (maior produtor de abacaxi da Paraíba, com 3 mil hectares plantados) e de Araçagi (com 2 mil hectares), e outras quatro de Lagoa de Dentro.
O abacaxi da Paraíba
Segundo a Embrapa, aproximadamente 40 municípios paraibanos produzem abacaxi e os maiores produtores são, respectivamente, Itapororoca, Santa Rita e Araçagi. Cerca de 60% da produção é comercializada no Nordeste; o restante segue para estados do Sudeste e do Sul do país.
A abacaxicultura é um dos destaques da produção na Paraíba – que é o maior produtor do Brasil, com aproximadamente 9,5 mil hectares de área plantada.
Comércio Justo
De acordo com a Solidarium, uma empresa social que atua com uma rede de criação, produção e distribuição de produtos alinhados aos princípios do Comércio Justo por meio de grandes varejistas em todo o território nacional, o Comércio Justo é uma estratégia de combate à pobreza e de desenvolvimento sustentável.
Seu objetivo é criar oportunidades para pequenos produtores economicamente desfavorecidos ou marginalizados pelo sistema de comércio convencional ao promover parcerias comerciais diretas, transparentes, democráticas e participativas.
Para receber a certificação do Comércio Justo os produtores devem se organizar em associações, adotar um processo democrático de decisões, respeitar as leis trabalhistas e ambientais e a igualdade entre homens e mulheres, e ainda estimular o desenvolvimento sustentável, o cooperativismo e o associativismo. As empresas que compram pelo sistema de Comércio Justo se comprometem a adquirir matérias-primas certificadas, a pagar um preço mínimo para possibilitar a produção, a pagar bônus para investimentos em projetos sociais e fechar contratos a longo prazo com os agricultores.
Os produtos certificados são geralmente comercializados a preços até 20% superiores aos produtos sem a certificação. O valor adicional fica com as cooperativas, para investimentos em projetos sociais.
Edinho e Rita, com Assessoria
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